A dúvida
do que não chegou a ser
é um tambor de revolta que nos faz morrer.
Rufando
dias e noites a fio
num toque de aço frio no coração
e partir sabe-se lá para onde sem razão.
Um adeus sem volta
é uma injecção letal na nossa moral.
Afastamento
é veneno da alma,
paralisa os sentidos num perder de calma.
É sofrer
sem motivo de nunca chegar
e pairar num lamaçal de enganos de amar.
Saudade
é uma esperança fugidia,
um amargo dó de boca vadia
que nos mata a sede com pó da verdade.
Sentir saudade
é esperar e esperar amor
no conforto de espinhos sem luz
na escuridão oca que em nós reluz
em vão de vão em vão poesia de dor.
O sem porquê
é o porquê do nada frustrado
que ganha um corpo sem nome nem lado.
Nos ses e mas
da alcunha podia ter sido,
é abandono sem fechar a porta
é regredir no tempo e não voltar
a viver o nunca antes não vivido.