Quem não se inventa não existe.

ÉS AGORA SILÊNCIO

Já foste um tempo

em que eu passava pelas flores

e colhia uma para te oferecer.

 

Escolhia sempre a mais bela

nem que fosse quase murcha,

mas era única naquele momento de amor.

 

Era sempre a mais bela

que via em qualquer jardim

ou simplesmente à beira das estradas

que percorria por ti.

 

Agora que me entristeces,

passo pelas mesmas flores

e já nem sequer as olho,

apenas sinto vontade de as cuspir.

 

O arco do arco-íris

já não é perfeito como quando te olhava

repleto de mil cores interiores.

 

Esse mesmo arco,

agora nos meus olhos

é como que uma serpente se enroscasse

ao meu coração em busca de refeição.

 

Já tivemos um tempo

em eu abria a janela da vida

para que o luar me ajudasse a te encontrar.

 

Mas não te encontrava

em qualquer luar, estavas sempre na lua-cheia.

 

Eras o prateado mais prata

do que todas as luas juntas numa só janela.

 

Agora que me entristeces,

a mesma janela é um eclipse

de cortinas desconfiadas.

 

Procurar-te tornou-se

num caminho de chuvas constantes.

 

Agora apenas te encontro a deambular

sobre céus de nuvens cinzento-escuro.

 

O que fora prateado

agora são trevas onde montas puzzles

com os teus pesadelos trovados em mim.

 

Passamos por um tempo

em que os nossos beijos eram fogueiras

mais altas que as fogueiras de São João.

 

Era paixão intensa,

tão intensa que tudo parecia arder

em nosso redor alucinado a dois.

 

Eram beijos

tão loucos tão loucos,

que nos sentíamos ser o próprio fragor do fogo.

 

Agora que me entristeces,

o sol é uma esfera de gelo amarelo doente

num copo de lágrimas que a saudade de ti rejeita.

 

Tudo quanto era algodão agora é pedra.

 

Tudo agora é silêncio.

Comentários

Data 15-10-2010
De mia griff
Assunto AGORA ÉS SILÊNCIO.

Silêncio de dentro... angústia .A perda e a dor sentida do amor sem retorno.
Vida agora en cinzento!

 

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