Quem não se inventa não existe.

FUNDO DO MAR DA ALMA

Poesia é o fundo do mar da alma,

uma âncora calma onde o silêncio

é um colo desabitado.

 

Um colo onde os olhos sem pressa

sorvem o passar do tempo.

 

Um mar onde o pensamento

é uma onda de coreografias primaveris.

 

Onda cuja borrasca

é um desabafo de lágrimas

na praia do corpo onde o areal

são fogueiras de beijos com paixão.

 

Palavras são o meu lugar,

são montanhas escaladas na voz

para me encontrar.

 

Sentimentos são mãos encurraladas

na floresta de entrelinhas

que escondem o luar do ser.

 

Uma floresta

onde cada árvore é um sonho,

onde cada ramo é um amanhã suspenso

na harmonia das noites.

 

Noites onde a lua

é uma canção de amor na partitura do destino

que nos ata à sepultura vindoura.

 

Uma floresta onde as sombras

são versos de infância aquando a rima é saudade.

 

Versos tristes quando o amor é adeus

e a distância um céu cujo infinito finda em nós.

 

Versos de medo quando sofrer

são espelhos de reflexos entornados pelo chão

onde a ilusão é uma pedra arremessada

à beleza das musas.

 

Musas cuja nudez é o inferno

que o poeta peca taciturno.

 

Reflexos onde o rosto macula

as cores do arco-íris com lábios

borratados de insónia.

 

Versos são morros onde o grito

tirita frios que o olhar não mente.

 

Morros de água crespa

quando o caminho é tempestade

cujo vento é um mergulho no poço do Eu.

 

Tempestade cuja chuva

são flores que dançam músicas mudas.

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