Quem não se inventa não existe.

LUAR CARNÍVORO

Diante a tristeza adiante:

Poesia é um luar carnívoro,
uma criatura canonizada de inferno fingido.

Luas de escuro medonho
me devoram os olhos com cupidos de fumo.

Visões são lágrimas
que coam a sujeição louca do infinito.

Nasce nas minhas mãos a morte
que vagueia pelos caminhos do pensamento.

Ziguezagueio
por entre a chuva
que habita os meus desvios emocionais
na caverna de fôlego frio de palavras desvairadas.

Ríspido me verso
em pedra arremessada
ao vidro frágil do destino
que embaço com desabafo de dor.

O sol amua os dias,
morde o verbo acontecer,
esmagado pelo tempo espantado
em serenatas de espaços em branco amargo
na casca da noite que me endoida o cais da cara.

A madrugada
é um limão verde
que aparo com gumes de solidão.

Ser poeta
é ser um prego
que espera pela crucificação da carne
numa cruz de musas dilatadas no suor da utopia.

Calo-me
no abismo da voz alta
que atraiçoa o papel com silêncios.

E a mim
que não escuto
nesta maldição nua
que se deita no meu corpo.

Ventos
de sopro sem face,
rimam o pântano da penumbra
com poemas subvertidos à inspiração
do fogo que arde na minha saliva celibatária.

Fome de ser…

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