O BEIJO FALA TUDO QUANTO AS ALMAS QUEREM OUVIR

Enquanto nos beijamos,

esquecemos nossos corpos

na imortalidade do fogo das nossas bocas.

Palavras de amor e paixão

são consumidas pelo raiar do sol

que funde nossos olhares em certezas divinas.

Ao beijarmo-nos,

deuses ampliam a sua eternidade

no mel das nossas salivas em cálices de desejo.

Quando nossos lábios se unem,

anjos adormecem no desmaio dos nos nossos olhos.

O sabor a nós é um devaneio

onde o silêncio toma conta de nós.

Nossos lábios

escrevem-se num sono profundo

onde só o sentimento de amar está desperto

entre os nossos corpos.

Os calores que sentimos

são sucos tropicais que sorvemos

diante as estrelas numa praia deserta.

Uma praia só nossa,

um areal onde as marcas deixadas

são reboliços de felicidade.

O tempo que por nós passa

é como uma queda sem fundo,

um voar até ao infinito sem sair do lugar.

Nossas mãos entrelaçam-se em telepatias

que nos domam os luares interiores.

Nossos arrepios são rios

que se encontram numa bifurcação dos sorrisos.

Sorrisos inocentes

de onde os nossos sentidos partem

do berço da alma para ninhos feitos de loucura

pelo êxtase da nossa carne mortal.

Nossas almas

são águas furtadas ao destino

que nosso beijo descodifica a cada fôlego.

Nossas carícias

são a foz do nosso abraço

que nos embarca num barco de amor.

O nosso beijo é mar alto,

o roçar dos nossos lábios são ondas erguidas

pelos ventos que nossas almas suspiram

com sopros de muito amor.

O beijo fala tudo

quanto as almas querem ouvir.