ONDE TUDO PODE SER ETERNO

A maré vai e vem,

mas o meu pensamento

perdura e é ser tu naquela praia

onde me encontraste sozinho à beira-mar.

Onde

a maresia

nos entrelaçou

e entrelaça os dedos com poesia.

O tempo era

e é um céu que nos sabia

e sabe à saudade em horas loucas.

Horas que eram

e são tão poucas

para aquele fogo insano

que nos avassalava as bocas.

As ondas eram

e são como que um piano,

dedilhado a nossos pés perdidos

em trovoadas de amor na areia molhada.

Onde nos encontramos

como dois búzios vazios,

à espera que alguém em nós ouvisse o mar.

A lua muda de fases,

mas a noite continua a ser

a mesma noite em que te conheci nua.

Onde sonhamos a madrugada acordados.

Em cascatas

onde o silêncio sobressaía

no bater dos nossos corações.

A chuva aprendia

com as nossas lágrimas

o que era e é despedida em paixão imensa.

Emoção intensa,

que nos levava e leva tão leves

a ponto de vogarmos à tona da água.

As estrelas eram

e são como que outros mundos,

inventados num beijo caído no infinito.

Onde o que estava

por escrever na nossa vida

acontecia ali nas nossas mãos.

Soltos em sorrisos

por onde ondulavam

nossos olhos pulsados de sentimento.

A madrugada foi

e é o ontem hoje para lá do amanhã.

O vento muda de direcção,

mas é nos teus lábios que minha boca

segue igual caminho até ao altar dos sonhos.

Nossos corpos eram

e são como que pássaros,

a voar contentes as notas mais altas

das canções de amor onde tudo pode ser eterno.

Os sonhos foram

e são a realidade que será de te amar.