Quem não se inventa não existe.

QUANDO O AMOR É O CALÃO DE TODOS OS SENTIDOS

Na ponta dos dedos do tempo,

direcções são unhas de culpa cujo gume

é um olhar cego para trás das costas.

 

Traseiras onde o espaço é um livro

cujas letras são inocências perdidas

qual agulha fosse poesia perdida

no palheiro da voz.

 

Um livro

onde os parágrafos socalcam os olhos

que não se sabem ler sozinhos.

 

Olhares analfabetos

ao que a alma escreve

qual estrela cadente rasgue a noite

sem que seja vista.

 

Cada página

é uma lufada de ar ilustrada em frescuras

qual suspiro jorrasse água fria aos rios do rosto.

 

Rios de lágrimas que o corpo sente correrem

num grito onde o prazer é amargo.

 

Gritos são aragens cujo sopro

são ventos do norte do ego qual barco

seja ferido por derivas tatuadas numa âncora

de tiquetaques como se de um relógio

de instintos se tratasse.

 

Olhos lêem cores,

distâncias e reflexos,

tornam a curva do arco-íris numa recta

cujo final é um engolir a seco os charcos

da esperança moldada saudade

qual ai fosse a bigorna do peito.

 

Mãos lêem formas,

desenham tamanhos,

agarram cordas cujos fios

ligam os filamentos do quotidiano aos sonhos.

 

Ouvidos lêem chamamentos dos horizontes

qual silêncio fosse uma derrocada de vozes

cuja rouquidão fossem epifanias sorumbáticas.

 

Pés lêem caminhos,

dragam entrelinhas entre o nascer e o pôr-do-sol

qual reflexão fosse uma pedrada no cérebro.

 

Corpos lêem palavras

em anagliptografia escondida sob a pele

quando o amor é o calão de todos os sentidos.

Comentários

Data 05-01-2011
De maria amália
Assunto quanto ao amor

Belo poema. Descrito o "amor" de uma forma sentida.<Obrigada pela partilha

Data 04-01-2011
De Shirley
Assunto Quando o amor...

Só posso responder ao poema, é verdade! Belíssima tradução do amor!

Data 04-01-2011
De Ana Ferreira
Assunto QUANDO O AMOR

Muito bem descritos todos os nossos esntidos gosto imenso dos poemas dest autor ! Obrigada pour tanta belesa !

Data 04-01-2011
De Manuela Granja
Assunto Quando o amor


"Rios de lágrimas que o corpo sente correrem
num grito onde o prazer é amargo"

Lindo, Henrique. fantástico!
Obrigada, beijo

Data 04-01-2011
De Teresa Afonso
Assunto Quando o amor...

Lindo Henrique como sempre! Admiro muito a sua poesia!

Data 04-01-2011
De mia griff
Assunto QUANDO O AMOR...

Não descreveria melhor , todos os nossos sentidos! OBRIGADA!

 

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