Quem não se inventa não existe.

ÁMEN

A noite é portefólio de almas inquietas

onde tempestades são fogachos de medo

que enceta os pés à estátua da voz

na cara do amanhã.

 

Fantasmas de ontem cobrem-me o corpo

qual edredão de neve fosse uma dádiva

de reconciliação com o túnel da vida.

 

Entrego os sonhos

à mendicidade do excesso

até à exaustão da mente num esgoto

de tertúlias insanas.

 

Rastejo em luz

à beira de calores congelados

na errância dos sentidos sem saber

como de lá sair.

 

Escolher

o fio condutor da morte

é um caminho de vergonha

onde ressuscitam homofobias

lambuzadas de anjos sem asas.

 

Multidões perseguidas por solidão

são o pão de renúncias à fome da carne

trucidada por miscelânea.

 

Nego o acaso

da obra de penumbras

que a madrugada lapida de dramas

existenciais no absoluto das mãos vazias.

 

Mãos de sinas autoflageladas

dentro de si mesmas medidas humanas

qual morto caminhe sobre palavras concupiscentes.

 

Abstracto romance de côdea precursora de tramas

qual parábola de um destino leve o convencimento

ao ânimo de alguém com serões tântricos.

 

Heresias sagazes

que não se deixam domar

são remissão de um mar servo

de uma praia de amor qual guitarra sem cordas

soasse o apocalipse dos olhos.

 

O pensamento

é uma carta de tamanhos marfim

em peso atado ao fim do sorriso por cordões

de tiro ao alvo fundido no dia da pele.

 

Arrepios desossados de distância

tecem teias de seios fartos qual fonte amamente

rios de lágrimas embaciadas de saudade.

 

O espelho é uma cama de flores delicadas

cujo reflexo é uma sinfonia do olharmo-nos

libertos de emoção ou sentimento que sofreu repressão.

 

Aquilo que cada um em si vê,

é uma almofada que ora se enche de beleza

ora de fraqueza.

 

Ora nos vedamos de tristeza

ora nos doamos à loucura de uma voz íntima

em tom psicanalítico.

 

Desvencilham-se

desculpas farpadas que consistem

em trazer à consciência recordações

impedidas de voar os orgasmos do tempo.

 

Lamento

indomesticável assassina cores-de-rosa

separada dos ventos que une as poeiras analfabetas

dos sentimentos.

 

Ámen.

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