Quem não se inventa não existe.

AMENÉSIA

Debaixo do mar
há um canto de duas esquinas,
um pranto num manto de quietude
por onde me procuro intranquilo.

Desassossego,
eco lírico entre sereias que já não cantam.

Desencantam
a vastidão negra na distância,
escrita numa unha que me marca a cara.

Por cima do mar
há o ar infinito que brinca na minha mão.

O nome das letras
cai nas areias dos meus olhos.

Movediças
palavras pregadas numa tábua
de narrativas curtas me trazem à tona.

O sol à toa é um ruído titânico,
um colosso roído na minha pequenez.

Satânico céu sem osso desesperante.

A solidão
é uma ilha de vento,
uma saudade de quatro frentes
encalhadas num rio vazado.

Silêncio
é uma catástrofe de vozes caladas.

Iradas lágrimas
que não choro são dilúvio de arestas,
funestas reticências no solo fatigante
da valeta da alma.

O corpo é um morro,
carne onde não morro.

O tempo é um espaço
arrepiado na pele da existência.

O pensamento
é uma falésia que povoa
o xadrez da essência que em mim voa.

Amnésia…

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