De mim,
resta o cadáver
que embalsamaste
com as florestas densas dos teus nãos.
Sinto-me lixo
que atiras à tua ausência
na derrocada do meu rosto
cara a cara com a tristeza do teu adeus.
Nas tuas horas,
sou meia-noite de badaladas caladas.
Sepultaste-me
o sorriso na saudade
que desconheces no nó
que o vazio aperta no teu suspeito amar-me.
Gelas-me
os passos até a ti
dama de pedra fria
que outros em ti defuntos outrora
te ensinaram estranhas formas de amar.
Escavas
em mim poços de ódio
onde já não tens corda para me puxar.
Largaste
os poemas que te escrevi
aos abismos das silhuetas prometidas
baixinho ao ouvido em murmuros cúmplices.
Fazes
chorar os meus olhos
como que se fossem mananciais
de água límpida que a tua sede rejeita.
A carne
pertence à carne
mas tu vives sozinha
no osso da tua cegueira egoísta.
Quiseste
ser em mim
a vastidão do mar,
mas escondes as ondas
no teu abandono deixando-me
o corpo marear menino em solo de rocha dura.
Calas-me
a voz do corpo
com nojo de mim
confessado na morte dos teus olhos.
Pintas
os lábios de fim
com tons de distância espontânea.
Veste
de sombra
os pensamentos
que entre nós fazem fronteiras de vento
com cercas o meu fogo numa gaiola de luares.
As salivas
que em nós abriram
champanhes de paixão,
hoje são cardos que envenenam
serpentes que estrangulam os nossos beijos.
Apodrecem-me as mãos
no socorro da alma que ouves invisível.
Todo o sol
que de mim sai,
cai em ti tragédia omissa
no silêncio do teu afastamento.
Todo o amor
que por ti brilhava em mim,
eternizaste-o sexta-feira treze
na cruz negligente do teu desejo
hibernado na raiva de amor de ambos.