Esbarra
em mim triste
o gemer do vento que sofre
enrugado no meu olhar cego.
Nada mais fito
para além deste farol
adormecido na alma em dor acutilante.
Ausente
zarpo a voz
ao desamparo dos cadáveres
que jazem na ressaca da memória
desfraldada na discórdia das minhas lágrimas.
Descravo
do corpo as cruzes analfabetas
do passado grosseiro no abismo
de um grito que me chega de longe.
Chamo
fome ao meu nome
nas marés de uma frustração
que me vence na arena da saudade.
Outrora trovão
agora sol estéril neste caminho
de horrores bebidos de um cálice
envenenado por ódio que assassina os dias.
Matar-me
é um mal menor.
O mal maior
é enterrar-me vivo
no cemitério do tempo.