Quem não se inventa não existe.

CHAMA-ME CHAMA

Não lhe chames distância.
É apenas uma névoa de lágrimas
que nos estorva o olhar e cala a voz.

Não lhe chames gelo.
É apenas um vazio por ocupar.

Não lhe chames saudade.
É apenas algo que não temos.

Não lhe chames egoísmo.
É apenas uma pedra adormecida
que teima não nos sair do caminho.

Não lhe chames dor.
É apenas um sol em cinzas
que em nós espera novas sementes.

Não lhe chames raiva.
É apenas uma larva ainda sem asas.

Não lhe chames nada.
É apenas uma noite acontecida
sem luar na brisa do nosso beijo.

Não lhe chames desassossego.
É apenas um poema por escrever.

Não lhe chames ausência.
É apenas um eco por encontrar.

Não lhe chames utopia.
É apenas um corpo enlouquecido
em busca da palavra certa numa carícia.

Não lhe chames arrepio.
É apenas uma alma com medo
de voar para fora do calor do seu ninho.

Não lhe chames tristeza.
É apenas uma criança assustada
que em nós se sentiu só e se perdeu.

Não lhe chames paixão.
É apenas um fogo que arde deixado
no coração do nosso mar de sentimentos.

Não lhe chames amor.
É apenas um barco encalhado
num cais de luz animado por sombras.

Não lhe chames vida.
É apenas um relâmpago
que não se deixar apanhar.

Não lhe chames desespero.
É apenas um desejo esquecido
na canção de quem chora o amor.

Não lhe chames
um nome qualquer.
Rebaptiza-o em ti para ti.

Chama-lhe teu e teu serei.

Chama-me chama...

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