Estonteante queda
embalada por voz melíflua
em tom inútil de mágoa intensa
enquanto escrevo meras feridas do sentir.
Tento anular
o capricho obsceno
que meu grito cospe fel sinistro,
abraçando-me ao fundo cego da dor estática na alma.
Choram-me
letras dislexias num enigma
de palavras tristes em labirintos
emocionalmente alienados num sofisma de solidão.
Despejo das mãos
resíduos do sofrer em poema
à deriva pelo núcleo do meu ser
anómalo à linguagem dos sonhos.
Caio zero
num olhar distante de mim nada.
Desprezo o dom
da reflexão gatafunhada
tudo num todo às costas de uma loucura
que me assoberba rascunhos de inspiração.
Sou leitura traumatizada
pelo verbo ter pouco na cognição do tempo.
Sou fala
argumentada no vazio
que espairece no abdómen de um poema
espevitado por poeira numa bandeja de desilusões.
Acredito
ser flagrante delito
que me zanga as visões desentorpecidas
por vontade de seguir até ao frontispício de gente.