Os dias,
poços sem fundo,
cores de segredo passeado
em branco cinzeiro enfarinhado.
Amores
deitados ao descanso,
promessas porta a porta
em magnete jaula do íntimo.
Beijos
acordados
em sinónimos oblíquos
a quem como nós deflagra o fogo.
Abraços
de belas e monstros,
géneses de olhares de adeus
perseguem a transpiração do corpo.
Céus
atados ao milagre,
nuvens de escuridão longínqua,
prados verdes de línguas guardanapo.
Ovos
de pesadelos nocturnos,
sementes desenterradas diurno,
lagares de anel imaginário em Saturno.
Vozes
em ventos delirantes,
simpáticos vizinhos errantes,
côdeas de pão cobiçado entre as pernas.
Nas cearas
do tempo arrependido
ondulam conversas de cotovelo,
teores pediátricos de óbitos lentos.
Números,
vidas salvas a dois,
multidões feitas de publicidade,
visões estrábicas sugam mamilos vazios.
Gritar,
curas de incêndio,
idades urinadas em eco adulto,
lampadários de salto alto agonizado.
Zumbidos,
flashs de enxaquecas,
luzes refilam-se fazer ouvir
canecas de sedes abotoadas à goela.
Pensares
de joelhos saloios,
olhos tentacularmente soslaios
numa foice que foi-se em erva-do-amor.
Sorrisos,
cemitérios de pó,
invulneráveis provérbios
das rugas onde se esquinam lágrimas.
Acontecer,
amanhãs eclodem em nós
gémeos do extermínio dos deuses,
caminhantes de arco-íris robotizado.
Ardósias,
pandemia de poesias,
profetas sazonais do medo
como se não houvesse amanhã.