Somítico
corpo de silêncio,
esta saudade lapidada
com tremor num caderno de escuro.
Um muro de escuro
onde vejo sombras de amargura.
Sombras onde ouço
a discordância dos meus sentidos
num espólio de frases imoderadas.
Desabafos de solidão
incendeiam fogos de esperança.
Comovente espera
ao fundo de ecos longínquos.
Acordo do sono da água,
que se vinga em lágrimas salgadas
na geografia triste do meu rosto,
rescrito de letras clandestinas
que deixei de compreender.
Irónico,
o ar que respiro vampiro do vento.
Assassino-me
atravessadamente
na geometria dos sentimentos.
Choro,
chocalho em pirâmide
as esferas de sensações de vazio.
Amasso cores desesperadas
com a linguagem do meu olhar.
Esfacelo os olhos
sobre a ponta de um lápis,
desbastado em sebentas de lamúrias
que riam de mim.
Ah ah ah ah ah ah ah
Malditas!
Ao despique
com as esculturas do tempo
no areal da alma alquebrada,
procuro-me nos perigos do Sol
em deserto sisudo com o meu tacto mudo.
Na lama
que me vejo ao espelho,
rabisco caricaturas de ninguém.
Cuspo metamorfoses
do meu reflexo na penumbra
de uma ponte caída entre mim e o sonho.
Medonho,
levo-me em verso
pela mão inversa da realidade.
Teimo esconder-me em mim,
de mim soslaio do Eu.
Maldito!