Fica mudo o silêncio
quando um escuro surdo
nos cega a idade que escutamos
na maturidade do nosso estar e pensar.
Memórias épicas
inquietam espantalhos
incómodos nas margens
das mãos lavadas pela água
que espanca o rio do querer ir
mais além do que somos simples.
Viver
é um romance
narrado por luas
tresmalhadas no retrato da alma
num nó reinventando ecos do Eu.
Trocamos lembranças
ressurgidas em silêncio amplo
por palavras enroscadas em gritos curtos
numa corpulência em conflito de saudade.
Resumimos a imortalidade
numa escrita do tempo que se exibe
aos olhos do absurdo restrito num relógio
que não descansa entre as brumas do destino.
O passado
não passa de um sino soslaio
no pensamento que nos inunda desmaio
de razão no aposento do ser em cada página
dos nossos passos pelos bosques dos dias e noites.
A saudade
enfeita a boca
de murmúrios enrugados
na luz da poesia habitada
por vivências que não voltam
à fonte do hoje no jorro de cada instante.
A nostalgia
é um ringue de fantasmas
que se escovam em procuras
do maior sentido para que nada mude
e tudo se altere na escolha dos momentos
afugentados da leitura da vida no verso da sina.