Quando nada diz quem sou quietude
de uma ausência dilato-me pensamento
esfomeado de cada porquê.
Encruzilhada turva.
Sozinha a voz
sussurra sentimentos atordoados
em jeito de poema ao avesso onde não existo
seduzido por intriga.
Renasço gatafunho.
Cito o silêncio
que escuto num cálice de segredos
que me preenche os lábios com o que não falo
mas sinto.
Solidão.
Elogia-me o odor
de um incenso de emoções
que arde em fumo deambulando negro
na alma.
Oco mais que oco.
Esqueço de mim na ilusão
que me trepa o olhar num momento
de eternidade encurralada nas lacunas do tempo
contorcionista nas minhas mãos de espera.
Neutralizado.
Procuro-me flor nocturna
na falésia do meu corpo que aceito incerto,
derrubando o vento que me traz sombras tontas
e me distancia das palavras anestesiadas de vazio.
Peço tão pouco.
Apenas um pouco
de infinito feito de ser rendado de luz
na culpa de um sorriso que me dê o caminho
onde brota o prazer que abafe as trevas.
Quero beber da vida a vida.