Tempestades
escrevem percalços inóspitos
nas asas quentes de uma panela
de revoltas cruas.
Aluviões
espreitam nas canções das lágrimas.
Nevões caem
através dos olhos descascados
por infame voz de murmúrios arruaceiros
em tons sépia.
Raivas somam noites
subtraídas ao destino de rotundas
por onde vai fugidia a carne alheia
ao silêncio que o amor cala.
Mentiras
apoiadas em bengalas de fogo
descosem cicatrizes na ópera do escuro
onde as mãos coçam vultos de pé atrás.
Tristezas
tecidas de ervas daninhas,
crescem insensatas num xaile de fado
que envolve de inverno pitoresco
o recôndito da alma.
Caminhos de adeus
inquietam a cor desfeita
que enfeita o fim do sentir distâncias
entre nós e nós próprios.
Leis infiéis
trepam insólitas o olhar,
multiplicado de dor que divide o poema
por aldeias sem eira por onde a claustrofobia
da inspiração malha o tempo.
Gritos bailam
em ruas amargas
ao som de violinos escorraçados
da vista da lua num eclipse sufocado.
Mortes
protestam façanhas estranhas
nas marés pelintras onde orlas se acercam
de entranhas com ventos desnorteados.
Sombras
sugam palavras hirtas
na guerra dos sexos em rito pugnado
por aceitações moribundas
nos corpos desunidos.
Data | 07-10-2010 |
De | Custódia |
Assunto | Guerra dos sexos |
Poema que faz reflectir... do sexo deveria haver apenas a guerra que acende a paixão, e fomenta a complementariedade, para que o poema seja uno, multiplicado de prazer.