Quem não se inventa não existe.

HIPOCONDRIAS DE TROTE INFINITO

Isolo-me rodeado de mim

a caminhar sobre cascalho cansado.

 

Uma escuridão imensa

vibra pelas pregas da noite

por onde minha alma escapa.

 

Ouço estalar

sobre os meus pés

os gritos vindos de um pântano

onde já nada me acontece senão espera.

 

Sinto na razão do erro

a perseverança que me torna egocêntrico.

 

Sonhar

agora são caudas emaranhadas

num ventre de silêncio que rejeita

as palavras que meus pulmões procuram.

 

Impaciente,

levo avante menosprezos

em busca de outras realidades mudas.

 

Descomprimo

todo o ânimo possível e impossível

para continuar desenrolado de insegurança.

 

Dentro de mim

sinto desejos irrealizáveis.

 

Desejos

que me desorientam

a pele em arrepios de vazio.

 

Empurro-me para um chão

de facetas adiadas de inconstância.

 

Olho-me ao espelho

assumindo a lucidez dos meus olhos

desmoralizados por hipocondrias de trote infinito.

 

Vejo no meu reflexo

sensações de insatisfação

ocultas na superficialidade

de uma imagem que em mim desconheço.

 

Desembarco

em brilhos malditos

que paralisam as estrelas

sobre o frio que não sinto.

 

Ao aproximar-me de mim,

minto ser eu naquela lama esfarrapada

ao ver ao espelho alimentado de eternidade.

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