Quem não se inventa não existe.

INFINITOS BIFURCADOS

Sinto-me tão longe, tão pouco.

 

Aqui o tempo é uma colina

de ombros largos onde tudo cabe,

onde tudo são lábios de beijo enamorado.

 

As sombras,

são sobrancelhas de um lápis

que me escreve na pele sabedoria.

 

O espaço que me rodeia

é um caldeirão de chás que me aquece a voz.

 

Então falo flores

que me desatam os nós da boca,

falo a primavera quando a palavra certa tarda.

 

Grito as fragrâncias

que me sufocam o suspiro,

grito as soleiras que meus olhos não galgavam,

cheguei à loucura.

 

Este é um sítio

de manhãs que são um barco à vela

pelos canais do pensamento.

 

O vento que as sopra

é uma aragem donzela

de meias-noites badaladas em doze luas,

cada lua é um desejo, cada luar uma janela.

 

É dessas janelas

que me sinto tão longe, que não sou nada.

 

Rumo para infinitos bifurcados

entre o céu azul e o ouro do meu sonho,

abotoo meu diário de tudo.

 

Os rios são papoilas,

um rubor desde os pés da montanha

até às têmporas do mar onde sou tudo.

 

As árvores são madeixas num pomar

de palavras que são auroras boreais

descrevendo o melhor caminho.

 

Aqui o sol

é as pestanas de um fogo

que me sussurra à alma os troncos

de uma distância por arder nas minhas pernas,

mesmo assim sinto-me tão longe, tão pouco.

 

Sentir que aqui cheguei,

é um lume débil na lareira do meu corpo,

quero sentir-me muito, sentir-me louco.

 

Se querer mais é um inferno,

então meu corpo é um Diabo.

 

O serão

é um colo neutro

onde pouso as mãos

sem que ninguém saiba onde estou,

pouco sei de onde estou.

 

Aqui o amor

é um morcego adormecido

nas cavernas do meu pulso.

 

A poesia

é paisagem incendiada de murmúrios

que me rosam as faces de emoção,

aqui o coração não bate, estronda.

 

As palavras são chocolate quente

na escuridão de um inverno nevado solidão.

 

A noite é um fio

de sentidos verdadeiros

que me faz pairar sobre soalhos

encerados de modéstia.

 

O dia é um retrato

de olhos aios sobre falésias

onde o sono é uma lágrima de alegria.

 

Sinto-me tão longe,

cheguei à loucura sem que ficasse louco.

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