Quem não se inventa não existe.

LÁBIOS VIÚVOS DE BEIJOS

A escuridão

onde inventos solidões

é uma savana de emoções

esborratadas por impaciência.

 

Os meus ecos

são egos de barro cru

em paredes pintadas de avesso

nos becos da língua dos meus desabafos.

 

Atravesso

desertos de ironia

em verso coagulado na agonia

do destino à proa de lábios viúvos de beijos.

 

Triste voz

me embala a alma de adeus

que me cala com paixão mergulhada

em água benta num Evereste de loucura.

 

Padrões

de querer chegar longe

ricocheteiam-me pioneses aos pés

que teimam pisar o eclipse das portas de saída.

 

Embarco em visões

inoxidáveis às lágrimas

que me encaram a memória silvada de dor.

 

Murais de esperança soam-me a mar crespo.

 

O passado fora solas de quase-quase.

 

Empedrei-me

em botas de imbróglio gasto

por chãos de gritos que não eram meus.

 

O alfabeto fora archotes

na cegueira do meu siso de criança.

 

A saudade

é um elmo de safira em cinza

que me turva as palavras com vidro frágil.

 

No útero da noite

incubam-se embriões de amor sem ventre

no olhar altruísta de estrelas cintilares de lamento.

 

Poesias

dão à luz penumbras

de orelhas adúlteras na surdez do meu silêncio.

 

Afásicas mãos

me neuroafagam com ventos líricos.

 

Desejos

caminham sozinhos

pela aba abismada de partituras inférteis

onde o resto são trovões de cores inóspitas

e salteados em razões gagas num poço de luzes.  

 

Sou hospedeiro lento

da idade que me tatua a pele

com fel ao relento do tempo.

 

Por não querer amar

enforquei a lua com cartas para ninguém,

endossadas de nenhures em mim.

 

Distâncias

são filhas do pensamento

que as percorre imune ao impossível.

 

Eclode o meu corpo

das ossadas do infinito

dentro de um ovo posto por cegonhas

de sonhos num ninho de mulheres belas,

escondidas em papeis de branco amarrotado.  

Comentários

Data 08-11-2010
De Marcia Cristina
Assunto ....

Por não querer amar

enforquei a lua com cartas para ninguém,

endossadas de nenhures em mim.

Lindaaa e triste ao mesmo tempo...

Data 07-11-2010
De Fátima Oliveira
Assunto Olá

"A saudade é um elmo de safira em cinza que me turva as palavras com vidro frágil"...
Triste , mas lindo!...
Beijinhos

Data 07-11-2010
De odete botelho
Assunto Re:Olá

Suprou devagarinho uma estrela
que se acendeu na sua mão
disse-me: podes sempre vê-la
se souberes soprá-la no teu coraçaõ
Beijinhos, você é essa estrela!!!!

 

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