Fantasmas
sem ciúme da insónia
vagueiam lume no breu da noite.
Voam monstros
na foz do ouvir contrafeito,
rarefeito carrossel de ar inverso
num formigueiro de silêncio em verso.
Açoite véu
de almas sem paz,
filhos de um Deus sem pai
que jaz enterrado em terra de lágrimas
onde bebem sentimentos abutres, labregos.
Destruído paraíso
entre ladainhas de oito a oitenta,
anjos parasitas paralisam o tempo.
Mortos
sem prova dos nove
choram moradas afiadas a medo,
purgatórios de foices embalsamadas
no sonho réu do crime dos olhos mudos.
Cartuchos celestiais,
tribunais carnais, animais gente.
Invisíveis poemas
roncam em poças de martírio,
paredes camião atropelam os pés dos anos.
Fés são murmúrios,
selados numa dor sem fim
nem rumo como fumo de heroína.
Nasce felina
a verdade que não serve de nada,
pobre sino rebate mensageiro solitário,
bajulador de igrejas eclipse em vida impossível.
Lascivos gritos
velam a cumplicidade do mal
em bosques de promiscuidade nula.
Rostos encerrados
em florestas de sangue,
festas de inferno no inverno
da mente fóssil e da ira proibida.
Mentira…