Quem não se inventa não existe.

MORTE É UM CORO DE GOTAS DE CHUVA

Diante a morte,

os momentos são desengomados

por respirações de mãos atadas ao grito.

 

Um grito abscôndito sob a carne

num silêncio que só a alma escuta.

 

Chorar torna-se verbo calar.

 

O adeus

é um morro de lápides

inscritas com lembranças

que tornam quem parte apenas adormecido.

 

Uma quase mentira

qual canteiro de flores sejam de plástico.

 

A despedida diante a morte,

é um resmungo de infelicidade eterna.

 

Um sol sofrido no olhar,

uma tristeza que por nós desce

em lágrimas de passo cansado.

 

Lágrimas

que tremeluzem fronteiras

cuja cerca é de sete palmos de terra.

 

Palmos que não medem

a distância entre a vida e a morte,

apenas pesam aos olhos a saudade.

 

Uma saudade cujo infinito

é um segundo até ao fim dos tempos.

 

É uma distância por aí escondida,

um tecto de raiva em pensamento escasso

que só a consciência trespassa.

 

A morte é um poema

de almas à espreita num jardim desconhecido.

 

É uma canção de sombras

cuja música é um coro de gotas

de chuva suave sobre uma janela.

 

Uma janela com vista

sobre toda a vida passada

que agora se encerra em quatro tábuas.

 

Adeus, é o meu último beijo.

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