Paira um manto
de suspiros prolongados
por uma angustia sem rosto nas minhas rugas.
A alegria
que me viciou outrora,
neste momento é um palácio em ruínas.
Sem sonhos,
faço ninho de espinhos
e o tempo decadente atalha os medos
que rubricam a minha tristeza acutilante.
As horas
que já não conto
são de Inverno rigoroso.
Aqueço a alma
no gelo da solidão
com um calor mórbido
e eu tento escapar ao peso da pedra
que me sepulta nesta cova recheada de nada.
A vida
é veneno puro,
meu choro é um grito sinistro
atormentando as serpentes de luz
que rastejam na loucura nos meus desejos.