Quem não se inventa não existe.

O ADEUS SÃO GRINALDAS DE GRITO

O meu olhar de adeus

é um corredor de mil portas fechadas.

 

O adeus

é um leito de feridas profundas,

encrostadas socorro à luz do luar qual coração

fosse amputado de um peito sem misericórdia.

 

O adeus escala-me os lábios com silêncio.

 

Enodoa-me o rosto em tons lamúria

quão escuro o mar nas docas dos olhos

achatados por lágrimas de saudade.

 

Nem as ondas mais salgadas se igualam

a este pincel de vazio na tela do meu caminho.

 

Nem a tempestade mais cruel

assombra as copas como este vácuo

de sentimentos de partida sem volta.

 

Meus pés afastam-se

do meu escutar as ceifas do tempo

que cinzelam desertos qual mó

seja movida por cascatas de tristeza.

 

Meus passos

são gotas de chuva qual morte

corteje a boca com jorro de almas

que procuram abrigo no gume da poesia.

 

Depois do adeus,

o pensamento é uma neblina de grinaldas

decoradas de grito.

 

As horas arrastam-se

como migalhas sujam de ruínas

o chão dos meus destroços outrora um templo

de esperança.

 

Depois do adeus,

a culpa é uma escada sombria

que me leva ao sótão da vida.

 

Um sótão

onde o mofo são recordações

qual teia de aranha esquecida

na esquina da respiração.

 

Onde tudo

são lembranças da água que não bebi.

 

Onde as janelas

são espreitas de sede vestida de mentira

cuja bainha é uma verdade pelo joelho das mãos.

 

Acenos de adeus são ventos

que badalam sinos qual bala perfure a carne.

 

O adeus fecha-me os olhos

com telhados de cinza que não me deixam voar.

 

Tapa-me os ouvidos

com ruas onde a multidão engole as palavras

da garganta do destino que por mim chama.

 

Ata-me as mãos

com vozes de beijos atordoados

por distância qual lírio plantado

na solidão de uma pedra.

 

Cala-me a voz com cores negras

onde o sol é uma pepita de norte

que me colora as madrugadas

com bailados de sonhos coxos.

 

No adeus,

tudo quanto era belo

é um queixo caído de tempo perdido

qual caixão espere as cicatrizes do meu corpo.

Comentários

Data 25-11-2010
De A.
Assunto Identificação

Como isto é tão verdade!...

Data 25-11-2010
De Maria Carvalho
Assunto Parabens Poeta.

É tão dificil dizer adeus e pior ainda é nunca ter conseguir dizer o que nos vai na alma...Levamos conosco sempre este peso conosco misturada de lágrimas asperas e doentia.Quem te mandou a ti guardar essas palavras que eram para ser ditas!

 

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