O teu adeus
não é um adeus qualquer.
Da tua boca,
saem vendavais
de voz mordida por marés crespas.
A distância tornou-se carnívora.
Dos teus olhos,
cravam-se em mim trevas.
A solidão,
tornou-se num comboio
de escuridão que me trucida.
Das tuas mãos,
a noite é um silvado
que me roça o corpo com cólera.
As horas,
tornaram-se açoites
que me sovam a alma.
Do teu amor sobra um pântano.
O teu adeus,
é uma vela de pavio triste
que arde lamento num velório
onde o homem que fui chora o fim.
É pedra deslocada
de uma calçada suja de insultos vis.
É um poema
de meias palavras engolidas a seco.
O teu adeus,
é um não aos meus olhos que só a ti viam.
Da visão de ti,
resta uma caverna gelada
onde a tua nudez é eco perdido.
É um não ao meu corpo
que só por ti se acalorava.
Desse calor,
resta um fio emaranhado
de mil e uma pontas dilaceradas por ódio.
É um não aos sonhos
que outrora murmurávamos.
Dessa utopia,
restam pesadelos que nos gritámos.
De nós,
restam os tons
tropeçados num rancor
por baptizar nesta dor de adeus…
…o teu adeus.