De face arroxeada
o tinto faz metáforas
de pedra-pomes nos olhos avermelhados.
Cacos
de risos azedos
espalham-se filósofos
pelo chão ziguezagueante.
Suspiram
na memória tragos
desatados em pezinhos de dança
que dão o nó a gracinhas sem piada.
Um esgar
de solidão esboça
num espelho o álcool
do pensamento que grita
no gargalo de uma garrafa sem fundo.
Trôpego
ser despregado da gravidade,
levita a rir de tudo coisa nenhuma.
Descasca-se o nadinha
do delírio contorcido num copo
de vinho vazio com sede de ser cheio.
Enopoema em parábola.
Embriagada rima
do néctar dos Deuses com adeuses
colhidos num desmaio que acorda o sono.
Embalam-se cores de garganta seca.
Pielas piegas
empurram as passadas
para a alucinação enredada
nas solas de lagares esgotados.
O ar é um encosto sugestivo ao tombo.
O vento empoeira o caminho desfocado.
A calçada é uma cama
feita de gula que acolhe o coma do corpo.