O vento esculpe
a tristeza do teu rosto
na rocha dura da distância.
Brisas vagas,
deitadas no chão frio desta espera
chamam teu nome no fundo do meu ego.
Poemas são névoas
no perfume que saudade fala em silêncio
nos meus pulmões descamisados à tua ausência.
Meus lábios
são moinhos sem água,
são mós paradas no lamento
que me mói o tempo que sem ti sinto sofrimento.
Meu sorriso
dorme sobre a tua imagem
guardada no meu tacto sob um tecto
de fado triste onde sem ti já pouco existe.
Sonhar
sem te ter a meu lado
são pesadelos ancorados
num ninho sem-abrigo e acordar no castigo
destes momentos onde cai o luar sem sentido.
Sem ti,
jardins são desertos,
ondas do mar são arestas
por limar que me ferem os olhos.
Lágrimas de amor são lágrimas frias,
são fadas vadias pelo horizonte quando não estás.
Palavras
são casas vazias neste mofo
de afastamento que a lembrança encurta.
Sem te tocar cai a noite
sem estrelas nas minhas mãos.
Sem a tua voz
chora a paisagem chuvas de ânsia.
Sem ver os teus olhos,
meu olhar é uma cegueira
de bússolas que me desnorteiam
o escuro que me inspira suspiros à procura de ti.
Sem te sentir perto,
meu íntimo fica à tona de enredos
à deriva num oceano de adeus por dizer.
Sem viver o teu corpo,
minha voz cavalga ao dorso
de nuvens trovoadas de dor imensa.
Sem o calor do teu corpo,
meu corpo perde-se ao avesso
em sombras de nada que me perseguem.
Este amor sem ti
é uma foice da morte,
é um ermo de flores espinhosas
que me arrebentam furiosamente
a corrente do meu sangue ávido de ti.
Se não leres este poema,
ele será um arco-íris bizarro
com cores de barro endurecido no meu coração.
Dói tanto tanto tanto tanto…
…tanto.