Quem não se inventa não existe.

ÓNUS DE UM NINHO DE GENTE

Ecos são arrecadações

de diálogos arrumados em silêncio.

 

Estantes desarrumadas em grito

qual guilhotina baralhasse os dedos pelo chão.

 

Diálogos que a boca

não foi capaz pintar voz fora.

 

Eco de um ónus

saliente no olhar ausente de paz.

 

Ónus de sentires calados,

gargarejando socorros sem nome

em gargantas enforcadas de medos.

 

Medos cujo espectro

é de anjos a quem as asas

foram queimadas de arrependimento.

 

Ónus de ser

que através dos olhos

iram tempestades na aba da voz

que ensombra os passos.

 

Uma voz sem solo

onde semear as sementes trazidas pelo vento.

 

Um vento de esperança,

soprado utopia nos calcanhares do dia.

 

Vento de bonança

qual sono de uma criança

nos acordasse para a vida.

 

As sementes são de amor

que do silêncio apenas conhecem o pântano.

 

Sementes de amanhãs

que da noite apenas sabem o choro das estrelas

cujo brilho nunca entranhou nossa alma.

 

Vão-se os ecos

em lábios trémulos cuja idade

fica refém de cenário de águas-furtadas

nos tambores do corpo que alarmam a alma.

 

Cenários de tempo escoado,

ecoado em olhos que correm

para dentro de si próprios.

 

O eco depois de solto

é uma travagem brusca

onde o corpo é juízo que nos insulta

com verdades recusadas.

 

Verdades que são rugas,

rios cujas pedras já não estorvam.

 

Pedras atiradas à voz

que nos absolve com cantigas

acorrentadas à luz.

 

Uma luz

qual naifa psicológica nos castiga

a mente com o conhecimento de nós próprios.

 

E o eco

volta à sua fonte

mas não volta sozinho,

traz consigo as bofetadas

que nos evitamos esbofetear

no nosso ninho de gente.

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