Quem não se inventa não existe.

PERDÃO E VINGANÇA

Paralelepípedos

animosamente desfasados

dividem os bons dos maus.

 

Eles são facas, eles são carnes.

 

Balanças vazias

enviúvam o peso da água

entre inocentes e culpados.

 

Eles são suspiros, eles são gritos.

 

Triângulos

instavelmente lastrados

sentençam os vícios dos puros e dos impuros.

 

Eles são presas, eles são caça.

 

Círculos impessoais

aprofundam as vertigens

dos santos e dos pecadores.

 

Eles são luzes, eles são escuros.

 

Quadrados

desarticuladamente vitupérios

encaixilham o imaginário do começo e do fim.

 

Eles são ventos, eles são pedras.

 

Pirâmides

de remorso ambíguo

tremulam ancoradas entre perdão e vingança.

 

Eles são água, eles são azeite.

 

Esferas trágicas

invertem a última palavra

entre o diabólico e divino.

 

Eles são alfaiates, eles são alfinetes.

 

Espólios áureos

centrifugam-se do ralo da alma

entre o dinheiro e as porquidões.

 

Eles são sofisma, eles são cidade.

Comentários

Data 10-10-2010
De Odete Ferreira
Assunto Perdão..

Em dicotomia, vai tecendo os contrastes (lembrei-me de les uns e les autres), as divisões (seja de que natureza for), partindo da geometria da vida...Muito interessante! :)

 

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