Quem não se inventa não existe.

POEMA QUE CHORA

Lágrimas

são o orvalho da alma,

uma melancolia asilada em sílabas

de um poema que chora dentro de mim.

Sou canoa

lançada grito à madrugada.

Desgraçada ânsia

que em mim brame versos de adeus.

Adormeço

no leito de um rio revolto

onde envelhece o luar tristemente.

Olho-me

como alguém que já em nada crê,

como alguém que já não permanece

nas claridades da sua própria imagem.

Chovem

no meu rosto

labaredas de infinito

gasto por cruéis soluços de esperança.

Sonhos envenenados

pelo sono profundo dos meus lábios.

Secam as flores

ao colo da saudade

que em mim mora solidão eterna.

Falo-me verbo de dor

na pedra escrita de trovas amargas.

Luares de fel

murcham na minha boca

as palavras lânguidas do tempo.

Tomba a imensidão

do mar num silêncio inerte

no pranto frio do meu solo.

Entoam sombras

sobre o meu corpo tatuado

de pesadelos em ecos de insónia.

Atormenta-me o amor

no oco da espera vil que viça

as distâncias do meu olhar.

Vejo-me no espelho céu cinzento.

Tempestade de mim mesmo

amordaçado à fadiga dos dias mudos

e de nudez apressada.

Repouso os meus suspiros

no vento ancorado à luz dos pensamentos.

Paixão que me exalta pétalas de um sol bravo.

Comentários

Data 14-12-2010
De Luzia Pinto
Assunto Adormeço

Adormeço
no leito de um rio revolto
onde envelhece o luar tristemente...

 

© 2010 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode