Fui retoque
no desperdício dos dias.
Luas frias.
Mantidas em silêncios.
Mentidas.
Fui insultado
por distâncias deserto.
Fui pua
na puerícia dos meus serões.
Suplicados em janelas fechadas.
Madrastas.
Fui batida
de retiradas no imaginário.
Fui âncora num oceano chuvoso.
Fui insónia,
cápsula de violências.
Fui tronco,
vergado pela saudade
que me enterrou os pés na miséria.
Fui alvo dos trovões
na frouxidão austera do meu peito.
Corujas me cantavam a eito.
Fui poesia desde a lua ao mar.
Meu olhar,
era tertúlia de cigarros.
Pensativos.
Fui dono de consequências ciumentas.
Fui apregoado
no gesto das estrelas,
citadas no meu arquejo poético.
Paixões descapotáveis.
Fui sumo,
espremido pelas primaveras
que escolheram o meu sorriso para florir.
Fui envenenado
por ilusões impiedosas
que me assanhavam para paragens falsas.
Palavras descalças.
Fui caça
dos meus fingimentos.
Caçador de desadorno,
desdenhado na gula embarcada
num navio de obscenidade ruída no meu nome.
Sou poeta, sou fome.