Quem não se inventa não existe.

PREFÁCIO DO POSFÁCIO

 

A solidão é prefácio do desejo

que nos alude desbocadamente ao vazio.

 

Estar só é um frio

onde cada arrepio é turbulência

dos sentidos num silêncio imenso

qual sinfonia de horror amordaçasse a voz.

 

A saudade é posfácio do quanto

poderia ter sido o tempo que não foi contado.

 

Sentir saudade é uma autópsia

descartável do que é ilusão.

 

A alegria é a comunhão

com a natureza vitalícia nos olhos

de quem a cuida jocosamente.

 

Estar alegre é interposição

de um personagem louco nos pilares

de uma multidão ausente de tão pouco.

 

A tristeza é um tufão de nada

onde tudo é colapso soprado de grito cioso.

 

Estar triste é uma avalanche

de ruínas erguidas ao passado.

 

O sofrimento é linguagem

de caos e desordem interior.

 

Sofrer é um mar

de espinhos a bordo de queixume.

 

O adeus é a despersonalização

da alma em eco desfasado.

 

A despedida

é a mecanização das lágrimas rosto abaixo

qual riacho a chuva invada de fúria.

 

O ódio é uma propensão violenta

de actos postiços numa caravana

de abismos em escuro pérola.

 

Odiar é um sofisma de caminhos transidos

de nevoeiro que paira inferno nas mãos.

 

O pensamento

é um universo de espontaneidade

com qual transgredimos os sensos da lógica.

 

Pensar é uma narrativa debutante

sobre ditames de infinito num suspiro insano.

 

O prazer é gula de cálcio crua

solidificando os ossos do ego.

 

Um desmaio de prazer

é a vitamina de juventude

para a carne em jorro eterno.

 

O amor é uma bandeja

de frutas frescas que saciam os sonhos

num altar de salivas excitadas por poesia.

 

Amar é uma margem

de árvores primaveris por onde

nos deixamos flutuar luar constante.

 

A paixão é uma orla de sinónimos

de fogo em toneladas de solstícios.

 

Paixão é uma gôndola perdida

por mil orgasmos de Veneza na pele.

Comentários

Data 15-11-2010
De Custódia
Assunto Princípio do fim...

Dicionário eufemistico do sentir e do querer... palavras que beijam um sentimento alojado no corpo ou na alma, que se intensificam ou se espraiam numa margem por cada um delimitada na alvorada de si, onde a paixão explode "em toneladas de solstícios" ou voga no orgasmo da pele numa qualquer cidade para além de Veneza...

 

© 2010 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode