Quem não se inventa não existe.

PRIMA sempre VERA

Por que Março morro
nas entrelinhas vazias dos meus olhos?

Qual primavera madrasta
me atropela católico chicote basta?

Em que Abril penitente
me liberto polvo desta teia bucólica da utopia?

Qual Maio farol depois do adeus
me lembra Zeus no nevoeiro candeio de medos?

Perdi o ar de Junho
nos corgos secos do Eu popular sem santos.

Quanto Julho
me prega o corpo ao verão da dor
que finjo não doer quando finjo que doi?

Que Agosto verso
neste mar infortúnio sem sereias para sonhar?

Peso-me Setembro sombra
no meu pensar enxofre de insónias.

Trago no olhar o Outubro vento,
desgasto nas folhas secas de musas Outono.

Inútil Novembro que me convença
entorpecente poema no caos das noites gélidas.

Fujo do Dezembro
esquecido das flores da Primavera,
ressequida nos asteriscos da guerra em mim.

Existo Janeiro ressacado,
desabafo oposto à origem do meu mal.

Ufano Fevereiro
enfraquecido nas escaramuças
entre mim fui inverno e mim sou Primavera.

Comentários

Não foram encontrados comentários.
 

© 2010 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátis Webnode