Atravessamos os murais do tempo
onde cada parede é uma pirâmide de anseios.
Murais onde o silêncio
é vertigem bordada de escadas
qual cavalo selvagem não se deixem domar.
O tempo é uma escarpa
de terras aluídas onde as memórias
são raízes que nos apontam o retorno à inocência.
Voltamos atrás o pensamento
sobre os nossos melhores momentos
que são arco-íris no olhar com lágrimas de amor.
Outras vezes o pensamento
é um pântano de maus momentos
que são pedras arremessadas ao ego com ódio.
Recordações onde o sorriso
é um cofre da quão culpa somos.
Somos uma história
onde o corpo é um livro esquecido
nas estantes cicatrizadas de cada idade já lida.
Idas sem volta onde o amanhã
é uma corda de rede atirada ao mar
da vida pescada em cardumes de esperança.
A idade é uma biblioteca de enredos,
de sentimentos urdidos no tear das emoções.
Emoções dando voz
a sensações jardineiras
que nos tratam do jardim da alma.
Sensações de grito quando a saudade
são as mãos sepultadas de quem nos amou.
Sensações de sonhar
quando alguém de nós parte à boleia
de promessas que são portões fechados no destino.
Sensações
de chegar a algum lado
sem saber onde pousarmos
nem para quem posamos.
Sensações de nós
quando sentimos ser nós próprios
o nó que ninguém ensinou desatar.