Ser poeta
é uma apologia
de silêncios nus na utopia.
É ser alma
da cabeça aos pés das palavras
sentidas num mergulho à profundeza da poesia.
É despir o olhar
num frente a frente
em conflito ou em harmonia
com a consonância escondida no eu.
É fascínio
num cosmos
de inspirações fingidas ou não.
É preencher o calendário
com rugas de sabedoria e admitir-se
na longevidade da esperança nem que seja ilusão.
É ultrapassar o imenso
no paradoxo das emoções
que degradam o corpo na culpa do sentimento.
É morar numa ilha
rodeada por um mar de musas
onde o poeta entorna a sua escrita
remexida por paixão destrambelhada.
É ser chuva intensa
que encharca o peito
com falinhas mansas de romance.