Quem não se inventa não existe.

SOU SEDE NO CÁLICE DO TEU ROSTO

Morri,
mas enquanto respirar
vou andando por aqui sopro.

Estarei nas cavernas do vento.

Morto,
vivo fantasma no nevoeiro
onde o amor faz ninho de espinhos.

O teu colo
tornou-se num berço de pântanos.

Mendigo,
maldigo o amargo pão
que me sustenta a saudade.

A vaidade arde numa fogueira de gelo.

Louco,
deambulo por ali pelo vazio,
ressuscitando em nenhures aqui em mim.

Onde algures
me enterraste que não me encontro?

Algures está o meu túmulo
mas eu estou por toda a parte.

Amar-te,
tomou formas de tábua de um caixão
de lágrimas no cemitério dos meus olhos.

Jaz o meu poema
no adeus onde te sepultas pó.

E a distância,
essa sumiu-se ao fundo do teu ser de pedra.

Eu,
ainda aqui estou beijado
por abutres no deserto da tua alma.

A minha alma?

Fala-me da minha alma
sucumbida no teu silêncio.

O meu silêncio
pinta os teus lábios de mágoa.

O meu grito já não ouço.

Sou sede no cálice do teu rosto.

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