Escrevo ladrão de sensações
que encontro distorcidas
no que me ensinaram.
Estudos feitos
são uma sacola monótona que deixei
no lugar dela atrás das costas.
Dela guardo na memória a porção certa
que estratega o espaço do tempo
para saber mais e muito mais além ir.
Consumo progressivamente
prevalências em transe
que se encorpa mudança dita
nas entrelinhas da minha escrita.
Zarpo ideias num mar de candeias precoces
e entregues a si próprias pela razão
desquitada da alma num círculo de ses.
Escrever é um vício
que herda a carne lerda e o osso astuto
do rodapé do pensamento repentino.
Fujo do que me ensinaram
que cresce por entre os pilares do ser
para me ensinar a ser eu andante curioso.
Ler é aprender apenas
o que alguém provocou
numa união de letras mas não basta.
Sou um misto de escuro e silêncio
que mente o meu estado.
Sou polémica despojada das galhofas mito
que narro turista da utopia que relaxa
no que alguém acha.
Ninguém poderá opinar
sem saber o sabor da loucura.
Profecia maldita.
Sou o retrato brutal
que a realidade oferece melosa
à azedia das minhas vírgulas incrédulas.