Quem não se inventa não existe.

URTIGAS DE LUAR UIVANTE

Perplexos

degrados contundentes,

descrevem-se urtigas de luar uivante

num caminho de arestas acres.

 

Eclipses de joelho açoitado

por bocas caladas sobre cearas

infestadas de sexo ejaculado à solidão.

 

Cardos prenhes de cegueira

sorvem dos olhos emoções sem cais,

mergulhadas num poço de jusantes não.

 

Psicorefúgios ermos

sustentam abismos de lágrimas destemidas

pelo choro do tempo aperaltado de rios.

 

Possessões de silêncio

trancam o anteontem absolvido

por vitrinas amaldiçoadas ao nada.

 

Vozes escalam escarpas

de palavras trilhadas pelo peso da tristeza.

 

Musas são mordidas

por poemas que embatem flores em grito

de betão humano em santuário claustrofóbico.

 

Noite fora ralhos de escuro

trepam corpo acima tempestades

soletradas em quatro tábuas.

 

Efervescências jurássicas

enclausuram o sangue em profecias

de cornos conflituosos.

 

Serpentes

reclamarão seus ninhos

na mão da morte plantada

em curvas de adeus sem retrocesso.

 

O imaginário

é um fruto de ilusões suculentas

numa árvore de sentimento de amor sepultado.

 

O mar mendiga sonhos

em praias de areia venenosa

onde a alma encalha as suas inquietações.

 

Madrugadas desenroscam-se

em almofadas de pedra frívola

por ares despenteados dos aromas da terra.

 

Fogos órfãos

de peitos vazios iluminam os frios

que à pele pertencem arrepios de sol negro.

 

Desfilam lábios secos

pelas pernas mal depiladas

dos dias zero badalados no sino

de um campanário que não existe.

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