Lembras aquele jardim de paixão
que eu era cheio de cores e amores?
Agora sou pó de ninguém,
sou ruínas de uma muralha inacabada
que sucumbiu nas tuas mãos.
Lembras o sol que brilhava
nos meus olhos quando te beijava?
Hoje são escuridões,
são grutas escavadas
pela tua negligente ausência.
Lembras daquele sorriso
do qual eras rainha, do qual eras única?
Agora é um escombro de flores murchas
e escravas da tua distância, um fel de todas.
Lembras minha voz a acariciar o teu corpo?
Morreu,
está sepultada no sofrimento
alimentado pelo teu esquecimento.
Lembras da luz das minhas mãos dadas às tuas?
Fora-me amputada
pela guilhotina da saudade
que abandonaste no meu desnorte.
Lembras de mim ser teu?
Agora sou meu,
esquecido de ti e continuo a amar-te.
Lembras de nós amantes ao luar?
Agora somos duas pedras
adormecidas no fundo de um pântano.
Lembras dos poemas de amor que te escrevi?
Agora são cinzas
que esvoaçam nos meus suspiros,
são lodo nos meus pés.